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Realize foi lançado nesta sexta-feira em solenidade virtual voltado para mulheres custodiadas
Educação, trabalho e oportunidade são os princípios do projeto Realize, voltado a mulheres custodiadas no Centro de Reeducação Feminino de Ananindeua (CRF) e que foi lançado nesta sexta-feira(9) em solenidade virtual, com a participação do desembargador José Roberto Maia Bezerra Junior, coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), e do juiz titular da Vara de Execução Penal (VEP) da Região Metropolitana de Belém, Deomar Barroso, além de outras autoridades ligadas à segurança pública e ao sistema carcerário.
Criado a partir de um Acordo de Cooperação Técnica firmado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), por meio da Vara de Execuções Penais (VEP) da Região Metropolitana de Belém, pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) e pela Faculdade Estácio do Pará (FAP), o projeto tem o objetivo de contribuir para a garantia de direitos das mulheres custodiadas no CRF, sobretudo em relação a educação, a profissionalização e ao fomento ao empreendedorismo, além da prestação de atendimentos psicossociais e jurídicos às detentas.
O projeto Realize busca tornar mulheres protagonistas de suas vidas, libertando-as dos ciclos viciosos da violência, e assim trazendo benefícios a toda a sociedade por meio da educação e do empreendedorismo. De acordo com dinâmica do projeto, após a realização do diagnóstico social, as custodiadas passarão a ser acompanhadas por alunos e professores da faculdade, que executarão uma série de ações, atividades e cursos profissionalizantes já programados, com base nas graduações oferecidas pela instituição de ensino, como Serviço Social, Pedagogia, Psicopedagogia, Administração, Ciências Contábeis, Design de Moda, Direito, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Tecnologia da Informação.
O projeto prevê o desenvolvimento de carreiras, qualificação para o mercado de trabalho, cursos sobre abertura de pequenos negócios, palestras sobre educação financeira e comunicação interpessoal, oficinas voltadas à área da moda, confecção de bijuterias, cursos de digitação e navegação na internet, além da prestação de assistência jurídica às custodiadas.
Além de acompanhar a gestão do termo de cooperação e prestar apoio à Estácio FAP, o TJPA deverá fornecer ônibus para o transporte dos alunos da Estácio FAP até o CRF, bem como garantir local e materiais adequados no CRF para a realização das atividades realizadas pelos alunos.
Um grupo de custodiadas participou na ocasião de uma aula inaugural a distância que deu início às atividades do Projeto Realize. Em uma das salas localizadas nas dependências do CRF, as detentas conheceram o curso, conversaram com monitores e foi feito também o levantamento social das custodiadas que participarão do projeto.
O juiz titular da Vara de Execução Penal da Região Metropolitana de Belém, Deomar Barroso, que idealizou o projeto, explicou que a visão para a criação do projeto Realize, foi tentar fazer com que a faculdade adentrasse o ambiente do cárcere, que carece do olhar social e assistencial.
“Às vezes não temos esse olhar par o cárcere, nos voltamos para a favela, para os problemas sociais, mas não para o preso. Então quisemos que a faculdade tivesse esse olhar diferente, e ela aceitou o desafio e está brilhantemente, dando aulas, trazendo cursos, porque queremos que o preso rompa o círculo vicioso e se conseguirmos que o preso rompa o círculo, a família dele vai mudar, são gerações que estamos mudando com o projeto”, disse.
Segundo Deomar Barroso, o projeto é de simples execução e pode ser replicado por outras faculdades interessadas. “Que a universidade entre no ambiente do cárcere com um novo olhar, uma nova perspectiva, para retirar o preso daquele círculo e retirar a família dele. É um projeto em que todo mundo ganha, um projeto agregador, ninguém perde, o professor tem um outro olhar, o empresário terá um outro olhar, ninguém perde. As mais interessadas são as internas. Se salvarmos uma delas, ela tem o histórico recuperado, família recuperada”.
O desembargador José Roberto Maia Bezerra Junior, coordenador do Grupo de Monitoramneto e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF) reafirmou que o projeto possibilita um novo olhar para as mulheres detentas no CRF. “É um novo começo, e o nome do projeto demonstra muito bem isso, realiza um sonho que se transforma em ação, uma esperança que vira realidade”, avaliou.
A secretária de cultura do Estado do pará, jornalista Úrsula Vidal elogiou a iniciativa e a parceria do juiz Deomar Barroso na ocasião. “Estamos na continuidade de um processo muito bonito que tem acontecido na SEAP e no Governo do Estado, porque os desafios só são vencidos em parceria. Ver esses projetos, com essa materialidade e esse empenho e possibilidade real de transformação faz com que realmente acreditemos que a jornada humana vale a pena. Entendemos que o cárcere precisa ser esse espaço de ressocialização, de esperança e de renovação dessas vidas”.
O secretário de estado de Administração Penitenciária Jarbas Vasconcelos, avaliou o Sistema Prisional do estado como um sistema onde há uma noção de direitos. “Fazer segurança pública é realizar direitos fundamentais. É com esta compreensão que nós trabalhamos a educação e o trabalho. Este projeto que lançamos nesta data visa trabalhar com a promoção do empreendedorismo. Trabalhar as vocações e inclinações e melhorar os ofícios que as pessoas privadas de liberdade querem ter para que possam ter uma certificação que lhes garanta disputar e produzir no mercado de trabalho”.
Jarbas Vasconcelos acrescentou que é possível vencer o crime, sobretudo pela reinserção da pessoa privada de liberdade em um espaço próspero para a cidadania. “Esse espaço tem que ser criado dentro das unidades prisionais e fora delas. É um trabalho complexo, que exige a convergência de todas as políticas públicas”, disse.
A diretora geral da Faculdade Estácio do Pará, professora Elaine Grecchi, disse na ocasião que para a faculdade, o projeto é de suma importância, pois proporciona a possibilidade de fazer cumprir a missão de transformar vidas. “Não somente as vidas das custodiadas serão transformadas, mas as nossas vidas, como colaboradores, professores, já começaram a ser transformadas também e as vidas dos nossos alunos, pessoas que às vezes nunca tinham entrado em contato com essa realidade. Para nós é algo completamente novo lidar e enfrentar essa realidade que nós até então não conhecíamos. Isso abre para nós um leque de oportunidade que ainda não tínhamos explorado em nossas atividades educacionais”, disse.
Fonte – Coordenadoria de Imprensa TJPA