Mercado

Exportação de madeira do Pará tem queda de quase 40% no início de 2025

As exportações de madeira do Estado do Pará registraram uma forte queda no início de 2025. De acordo com os dados divulgados pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), com base em relatórios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor total exportado no primeiro bimestre foi de US$ 21,1 milhões, representando uma retração de 39,67% em comparação ao mesmo período de 2024.

O principal item da pauta de exportação, a madeira perfilada (pisos, decks, tacos e frisos), sofreu impacto com uma queda de 63,83% no valor exportado, totalizando US$ 9,4 milhões. A quantidade enviada ao exterior também caiu 46,60%, somando 7,8 mil toneladas.

Representantes do setor acreditam que a redução no valor exportado está associada a fatores como a oscilação da demanda internacional, a crescente pressão por certificações ambientais e as mudanças nas políticas comerciais de mercados estrangeiros. O preço médio por tonelada ficou em US$ 520,67.

A Aimex acompanha o cenário com preocupação e busca estratégias para fortalecer a competitividade da indústria madeireira paraense no mercado internacional. O consultor técnico da associação, Guilherme Carvalho, comentou os dados divulgados.

“A queda no valor exportado, especialmente da madeira perfilada, que é nosso principal produto, demonstra que estamos enfrentando mudanças no mercado internacional causadas pela instabilidade econômica e pela concorrência com outros países produtores de madeira tropical. Continuamos atentos às movimentações do mercado e reforçando o compromisso da indústria local com a sustentabilidade e a qualidade dos produtos exportados”, afirmou Guilherme Carvalho.

Foto: Divulgação

Entraves no Ibama

No entanto, o principal fator que tem dificultado as exportações de madeira do Pará é o entrave causado pelo Ibama na liberação das licenças necessárias. A exigência das Licenças CITES e LPCO para espécies como Ipê (Handroanthus e Tabebuia), Cumaru (Dipteryx) e Cedro (Cedrela), introduzida recentemente, tem provocado um bloqueio nas exportações.

Esse entrave tem levado à retenção de centenas de contêineres com madeira produzida de forma legal e sustentável, originada de projetos de manejo florestal sustentável, que permanecem parados nos pátios das empresas e portos do Pará, deteriorando-se.

“Além da concorrência com outros países produtores de madeira tropical, o setor madeireiro brasileiro também enfrenta o desinteresse e o descaso do Ibama em se estruturar para liberar as autorizações de forma eficiente e dentro do prazo necessário. A falta de agilidade do órgão tem levado sérios prejuízos para a indústria madeireira do Pará,” afirmou o consultor técnico da Aimex, Guilherme Carvalho.

Para Deryck Martins, presidente da Aimex, o comportamento negativo nas exportações também é fruto de problemas internos do Ibama. “A queda nas exportações não está ligada apenas à dinâmica do mercado internacional, mas, principalmente, à demora na concessão das licenças necessárias pelo órgão,” explicou Martins.

Ele acrescentou que além da dificuldade de liberar as Licenças CITES e LPCO outra situação que aflige o setor é a urgente necessidade de revisão da nova regra de Extração Não Prejudicial (Non-Detriment Finding, NDF) para o manejo florestal sustentável das espécies que precisam da licença cites. “O verão está chegando e até o momento essas regras não foram revisadas e tratadas com o setor, acreditamos que o Ibama enfrenta dificuldades estruturais para tratar deste assunto que vai resultar, brevemente, em um novo efeito represador no fluxo de exportação do setor.

“A burocracia excessiva e a falta de comunicação interna dentro do Ibama têm sido entraves constantes para o setor madeireiro. O que estamos vendo é um cenário de inoperância do órgão, que não consegue dar vazão às demandas das empresas, mesmo quando toda a documentação está regular e os produtos são provenientes de manejo florestal sustentável. A morosidade nas análises, o desencontro de informações entre os servidores e a falta de estrutura do Ibama fazem com que a madeira legal fique retida indefinidamente. O setor não pode continuar arcando com prejuízos devido à ineficiência de um órgão que deveria ser capaz de cumprir seu papel com agilidade e transparência”, finalizou Deryck.

Fonte: Assessoria
Por: Ana Laura Carvalho

COMPARTILHAR
Mostrar Mais

guaranyjr

Guarany Jr Prof. de Graduação e Pós de Marketing, Jornalismo e Propaganda, Jornalista, Comentarista, Consultor, Administrador, Palestrante - Belém - Pará - Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo