Carta de Belém será apresentada no IFC Amazônia e vai propor a inclusão da pesca e aquicultura como alternativas sustentáveis para o desenvolvimento da Amazônia

A segunda edição do IFC Amazônia está programada para os dias 23, 24 e 25 de abril, em Belém, e integra o rol de pré-eventos da COP 30, que também será realizada na capital paraense.
Além dos debates técnicos, o IFC Amazônia terá um papel estratégico na agenda ambiental global, que é a elaboração da “Carta de Belém” – um documento que propõe a inclusão da pesca e aquicultura como alternativas sustentáveis para o desenvolvimento da Amazônia.
A agenda azul, que aborda a gestão de recursos hídricos e o meio ambiente, estará em destaque nos próximos meses.
Oportunidades na produção de proteínas das águas
Atualmente, o Brasil consome 10kg/habitante/ano de pescados, sendo que a média mundial é 21kg/habitante/ano. “Temos muito a crescer e um potencial gigantesco. O Brasil possui um mercado de consumo enorme e, apesar de concorrentes fortes como as carnes de frango, bovina e suína, os mercados interno e externo são muito favoráveis à proteína produzida nas águas. Nos últimos 30 anos, o consumo mundial de pescado cresceu o dobro do crescimento da população. Tudo isso torna o cenário da produção de pescados extremamente promissor”, destaca o presidente do IFC Brasil e IFC Amazônia, médico veterinário e ex-ministro da pesca, Altemir Gregolin.
Setor atinge recorde e consolida potencial do Brasil no mercado mundial de pescados
O ano de 2024 marcou um crescimento histórico para a piscicultura brasileira, com a produção nacional atingindo 968,7 mil toneladas – um aumento de 9,2% em relação a 2023. “Esse foi o melhor resultado da última década, consolidando o Brasil como um dos grandes produtores mundiais de pescado”, afirma Altemir Gregolin, ministro da pesca entre os anos de 2006 e 2010.
Dados nacionais
O IFC Amazônia vai discutir o mercado da piscicultura brasileira e, em especial, da Amazônia. Uma das temáticas que será debatida é a produção particular de cada região brasileira. O Sul se manteve como maior produtor nacional do pescado, com 333,8 mil toneladas (aumento de 12,7%). O Sudeste teve o maior crescimento percentual (14,12%). A região norte manteve produção estável, com 143,2 mil toneladas.
Entre as espécies em destaques, está a tilápia, que se manteve como a mais relevante no Brasil, representando 68% da produção nacional. Recentemente, o Estado do Pará regulamentou a produção de peixes de outras espécies, consideradas exóticas, fortalecendo a cadeia produtiva. A produção de tilápia é uma realidade no Pará.
Sobre a Amazônia, o presidente do IFC afirma que já há uma produção importante de peixes, principalmente de tambaqui, pirarucu e outros. A ideia é que a região seja um centro de produção de pescado para o mundo – assunto que será abordado no IFC Amazônia na capital paraense.
“A região amazônica está estrategicamente bem localizada, perto dos grandes mercados de consumidores – como, por a exemplo, a cinco horas de Miami nos EUA, e não tão longe do mercado europeu. Além disso, o clima quente o ano todo é favorável para a produção de pescados”, enumera. Em 2024, as exportações de peixe no Brasil cresceram 148%.
O IFC Amazônia destacará o potencial da região norte na produção de pescados. Com sua malha hidrográfica, a região amazônica possui um enorme volume de água e um apelo sustentável único.
Questão climática
Após presenciar as discussões entre países e conversar com lideranças acerca do futuro do clima no planeta, Gregolin acredita que o setor de pescados tem um importante papel no âmbito também das mudanças climáticas. “Das atividades de origem animal, a produção de peixes é a que tem a menor emissão de gases de efeito estufa, cerca de sete vezes menos que a produção bovina”, explica Gregolin.
Outros detalhes estratégicos são que o Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo e o peixe é produzido sem derrubar a floresta, portanto, com baixa emissão de gases efeito estufa. Dessa forma, o IFC Amazônia é um dos eventos pré-Cop 30, que será realizada também em Belém. “O pescado é a nova estrela do agro, é a produção que mais cresceu nos últimos 10 anos e é melhor alternativa de produção de proteína de origem animal para a região amazônica”, considera Gregolin.