Mulheres conquistam espaço na aviação de segurança pública no Pará
Cybelle Mota e Suzane Silva são as primeiras pilotos do Graesp. No comando de aviões e helicópteros, elas atuam em ações humanitárias e de segurança no vasto território paraense.

O amor à aviação derruba barreiras e marca a presença feminina no Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp). A tenente da Polícia Militar Suzane Silva e a escrivã de Polícia Civil Cybelle Mota são as primeiras mulheres do Pará a conquistar espaço na pilotagem de aeronaves de segurança, já contabilizando mais de 800 horas de voo por todo o Estado em missões de ajuda humanitária, defesa social, rondas e patrulhas policiais.
Veja no video, o que diz Cybelle Mota.
As duas profissionais do Graesp, vinculado à Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), têm em comum a paixão pela aviação e o desejo de cumprir missões humanitárias, apoiando o transporte de pacientes e resgates, e de atuar nas ações de combate à criminalidade, no comando de aeronaves específicas. Suzane é a primeira mulher a ingressar no quadro de pilotos do Graesp, pilotando aeronaves de asa fixa – Cessna 208B e Caravan -, enquanto a escrivã Cybelle Mota é especialista em pilotagem de helicópteros Esquilo.

Desafio – A conquista das duas pilotos resulta de muito trabalho, estudo e competência, que permitiu alçar voo em um ambiente tradicionalmente masculino. “Penso que todo trabalho é desafiador por lidar com pessoas, independente de gênero. Desenvolver habilidade de comunicação e resolução de conflitos é importante para todas as profissões. Não nos sentimos diferentes em nada para a execução do nosso trabalho”, destaca Suzane Silva.
As pilotos já atuaram em missões de auxílio a vítimas da pandemia de Covid-19, quando o governo do Estado, por meio do Gresp, abasteceu os 144 municípios com vacinas e transportou doentes. Ambas atuaram também em operações policiais de busca e captura de criminosos, assim como em resgate de animais e transporte de órgãos para transplantes.

“Mais do que o desafio de atuar nessa área, muitas vezes é lidar com a emoção, pois como no caso de um voo aparentemente tranquilo, simples, que se tratava de um traslado, porém foi o traslado de quatro órgãos. E foi o meu primeiro pouso em um heliponto, no hospital, e para mim foi um dos mais marcantes e emocionantes. Sempre tive vontade de fazer um pouso com essa significância”, relata Cybelle Mota.

O secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado, destaca a importância da atuação feminina no Grupamento Aéreo. “Sabemos que as mulheres podem executar e atuar na profissão que desejarem. Contar com duas pilotos no quadro do Graesp é de suma importância, não apenas para motivar outras profissionais a conquistarem o mesmo espaço, como para a quebra de paradigmas de que em um ambiente militar, ou da aviação, possa somente ser ocupado por homens, pois o que prezamos é o profissionalismo e a dedicação que ambas têm mostrado na execução dos seus trabalhos”, enfatiza o titular da Segup.
Motivação – Para a tenente Suzane, o desejo de ingressar na aviação foi despertado no Círio de Nazaré de 2009, quando atuava na Praça Santuário, após uma homenagem feita pelas equipes do então Graer, antiga denominação do Graesp, jogaram pétalas de rosas sobre os romeiros. A partir daquele momento, ela sentiu que seu caminho profissional seria na aviação e investiu na formação, até se tornar a primeira mulher a pilotar uma aeronave no Grupamento.

“Eu me apaixonei pela aviação no Círio de 2009, quando estava trabalhando na Basílica. Na chegada da Santa houve uma homenagem para Nossa Senhora. Naquele momento senti em meu coração o desejo de ser piloto. Eu era soldado na época, e o primeiro desafio foi me tornar oficial para poder chegar a ser um piloto. Estudei muito para passar no concurso para oficial, e após me formar me dediquei ao curso e às provas para pilotagem. Cheguei ao Graesp em 2020, onde busco cada dia mais aprender para melhor servir ao meu Estado, à população e a nossa sociedade”, ressalta a piloto.

Para Cybelle, a aviação é uma busca iniciada há mais de dez anos, quando começou fazendo estágio na Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), e depois fez curso de comissária até chegar a uma grande companhia aérea, antes de se tornar servidora pública.
“Em 2001, fui estagiária da Infraero, aqui em Belém. Depois fiz curso de comissária e fui trabalhar em uma companhia aérea regional, até chegar a uma grande companhia, que foi meu último trabalho antes de ser servidora pública. Nessa trajetória, o desejo de trabalhar como piloto foi ganhando forma, até as portas se abrirem no Grupamento, onde já estou como piloto de helicóptero há três anos”, conta Cybelle.
Mulheres na aviação – No Brasil, do total de pilotos, 3,2% são mulheres, percentual que mostra um crescimento gradual da presença feminina na aviação. Entre 2015 e 2018, houve um aumento de 106% no número de licenças de piloto emitidas para mulheres no País, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Companhias aéreas já estão começando a aumentar a diversidade e a inclusão, contratando e treinando mais mulheres para a condução de aeronaves.
“Acredito que é importante abrirmos as portas em um campo onde ainda poucas de nós nos arriscamos profissionalmente. Precisamos focar no que queremos, e estudar sobre nosso objetivo. Somos responsáveis por nossos desejos, e são nossas escolhas que nos levam ao êxito. Dessa forma, acredito que podemos chegar onde nosso potencial nos permitir, e assim vencer barreiras que antes pareciam impossíveis ser atravessadas por nós, mulheres”, firma a piloto Suzane.
Fonte: Agência Pará
Por Walena Lopes (SEGUP)