Comitiva visita obras do Memorial dos Povos Negros
Espaço atende antiga reivindicação de movimentos sociais de um local para abrigo e valorização da história e cultura dos povos negros da Amazônia. Expectativa é de conclusão da obra ainda nos 100 primeiros dias da nova gestão municipal
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Representantes de órgãos da Prefeitura de Belém e do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa) visitaram, na manhã desta sexta-feira (28), as obras do Memorial dos Povos Negros, que está em construção na área do Complexo Ver-o-Rio, já em fase avançada de execução.
O Memorial dos Povos Negros é uma antiga reivindicação de movimentos sociais por um espaço público para abrigar e valorizar a cultura e história dos povos negros da Amazônia. Com três pavimentos ligados por rampa, para garantir acessibilidade, o projeto inclui um anfiteatro, uma biblioteca e um espaço circular multiuso, além de um grande deque no formato da proa de navio.
“É uma arquitetura extraordinária, belíssima, que brevemente será entregue à comunidade, principalmente, essa comunidade que lutou muito por esses direitos. Esse projeto é um projeto de uma vida toda de luta”, ressaltou a secretária municipal de Cultura e Turismo, Cilene Sabino, durante a visita da comitiva ao memorial.
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Homenagem
Cada um dos espaços vai homenagear personalidades negras. “É uma luta histórica dos movimentos sociais negros de Belém, mas é, principalmente, para todo o povo de Belém, que é majoritariamente negro, que essa obra vem. E, principalmente, num espaço como esse, um espaço que foi todo concebido pensando em referências negras. Essa obra tem uma importância histórica pela luta. São mais de 20 anos esperando por uma obra dessas. Mas especialmente, como ela será ocupada daqui para a frente”, disse Keyla Negrão, membro da Cedenpa.
Entrega nos 100 primeiros dias de gestão
“A previsão é que essa obra seja entregue ainda nos 100 primeiros dias de gestão do prefeito Igor Normando. E é uma obra que está sendo construída com base em muito diálogo com a comunidade, com o movimento negro, que foi escutado durante esse processo para que a gente fizesse uma obra que fosse alinhada com as expectativas deles”, pontuou a presidente da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM), Mariel de Mello.
Para a secretária executiva de direitos humanos de Belém, Larissa Martins, “é um espaço importantíssimo porque mantém a cultura viva, mantém toda a questão de pertencimento, de memória”. Segundo ela, é fundamental ter “um espaço que de fato acolha a diversidade do movimento negro e que também retome a memória, para manter essa cultura muito viva e pulsante”.
Geração de renda
Depois da conclusão das obras, o espaço será aberto ao público para atividades culturais e econômicas. Além da estrutura interna, a área externa do espaço também conta com quiosques para trabalho de empreendedores negros que, com o apoio da Prefeitura de Belém, poderão vender alimentos, artesanatos, artigos de vestuário e outros itens em momentos oportunos.
Raphaela Segadilha, secretária de Cidadania, Assistência Social e Direitos Humanos (Semcad), entende que o Memorial dos Povos Negros tem importância para toda a população amazônica. “É o reconhecimento dos povos negros. Eles estão desde 2004 com esse projeto em andamento, e agora finalmente ele vai sair. É uma representatividade”, destacou.
População
De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 73,3% da população de Belém se considera negra, um percentual alto, que a coloca entre as dez capitais do país com a maior quantidade de pessoas negras em relação à população.
Por: Rafael Miyake