Roupas leves e coloridas são opções para aproveitar a folia de Carnaval
Empreendedoras paraenses contam que regionalismo está em alta com a proximidade da COP 30
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Os ateliês Retrô Chic e BGL Beach Belém produzem peças leves e brilhosas para quem quer aproveitar o Carnaval com estilo. Kimonos com paetês e tops com frases alusivas ao samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos da Grande Rio, que este ano homenageia o Pará, prometem tornar os looks mais coloridos e alinhados com a alegria do Carnaval. As duas marcas criaram, inclusive, uma editoria de moda focada em combinações para a época.
A empreendedora Patrícia Souza, da Retrô Chic, conta que, para os looks deste ano, usou muitas referências regionais. A marca reforça que há também peças amarelas e brancas, que podem ser usadas por homens.
“Fizemos os kimonos para o Carnaval pensando em algumas particularidades da nossa cultura, como a chuva da tarde (‘Lá vem ela!’, com a cor azul-céu); o kimono vermelho, exaltando a nossa bandeira do Pará, com as demais cores”, conta Patrícia.
-A busca por kimonos de paetê e estampas autorais tem sido o grande destaque da loja, com aumento na procura neste período, entre janeiro e fevereiro. “São estampas exclusivas da Retrô, falando da nossa regionalidade e cultura amazônica, feitas através de parcerias com artistas da nossa cidade”, explica Patrícia. Além disso, a empreendedora adiantou que está finalizando uma coleção inspirada nas erveiras do Ver-o-Peso, com previsão de lançamento para o fim de fevereiro. As peças trarão elementos do mercado, como os nomes dos perfumes, estampados nos tecidos.
Negócio de mulheres
CEO do negócio, Patrícia conta que o ateliê conta hoje com mais dois reforços: Andrea Souza e Karen Souza. Para ajudar na produção das peças, há parcerias estabelecidas há alguns anos com modelistas e ilustradores, garantindo viabilidade à produção. Ela conta que empreende desde 2014, mas sua formalização começou em 2016, com capacitações do Sebrae, outro parceiro do negócio. “Por meio do Sebrae, iniciei o processo de registro da marca e participei de vários eventos. Para minha marca autoral, a Retrô Chic, o Sebrae foi meu aliado no crescimento”, ressalta.
COP30 e a moda
Para além do clichê “o Pará está na moda”, Patrícia observa as temáticas regionais sendo intensificadas nos pequenos negócios paraenses. A demanda por produtos regionalizados aumentou com a proximidade da Conferência do Clima da ONU (COP 30), que será realizada em novembro deste ano, em Belém. Porém, além de pensar na produção, a consciência ambiental também faz parte dos valores do empreendimento. “Estamos na cidade da COP30, e tudo que a gente faz para o meio ambiente será bem-vindo. Mas olha, a gente já trabalha com essa sustentabilidade há muito tempo”, completa.
A Retrô Chic tem a sustentabilidade como missão, utilizando tecidos provenientes de áreas de reflorestamento. O conceito de lixo zero também é aplicado: restos de tecido são reaproveitados na produção de chuchas, máscaras de proteção (durante a pandemia), tops e outros acessórios. Outra forma de reaproveitamento é a doação de materiais para artesãos que trabalham com fuxico. “Tentamos zerar a questão do resíduo para não poluir, e as peças produzidas a partir disso são dadas para os clientes como brindes”, ressalta Patrícia.
Tops com estampas e figuras regionais
A BGL Beach, uma marca autoral de moda praia em Belém, da empreendedora Grace Lopes, reforça a tendência regional para o Carnaval com peças com letras do samba-enredo da Grande Rio. Expressões da música estampam os tops: “A mina é cocoríô”, “Jarina, Herondina e Mariana” e a referência “Onça do Grão-Pará” compõem as peças estilizadas.
“Meus produtos hoje em dia são voltados para a cultura paraense, então, após um pedido especial de uma cliente para estampar uma frase da letra, fui me aprofundar e percebi que todo o samba é um verdadeiro espetáculo, de onde vieram as demais inspirações”, explica Grace.
Além das referências ao Carnaval, é possível encontrar peças com expressões regionais como “Lá vem ela”, “É banzeiro, banzeiro!” e “Rock doido”, com tipografia inspirada na dos barcos da região. Segundo Grace, as peças foram criadas para serem usadas na praia, mas ganharam versatilidade ao longo do tempo. “Daí fui adaptando os modelos para que minhas clientes pudessem usá-los tanto na praia quanto algum outro look fora dela. Esse é o grande segredo, já que boa parte do ano faz calor na nossa cidade”, conta.
Mas quem acha que a marca trabalha apenas com tops pode se surpreender. No Instagram @bglbech ou na loja física do Espaço Vem, é possível encontrar biquínis com estampas de tajá e maiôs com arraias e a bandeira do Pará. São peças autorais que garantem originalidade a quem consome a marca. “A produção é própria. Passa pelas ideias que tenho, pelas pessoas que fazem as artes e as tornam reais. Depois vem o processo de transferir a arte para a malha e, finalmente, a costura. Parece longo, mas, depois de vários testes, consegui otimizar esse processo”, explica.
Gama de conhecimento
Grace destaca o Sebrae no Pará como um grande apoiador de seu empreendimento, principalmente pelas capacitações e programas oferecidos. “Desde que comecei a trabalhar com moda praia, tenho o Sebrae como fonte de conhecimento. Fiz vários cursos gratuitos, chegando até o Empretec. Foi uma gama de aprendizado pela qual só tenho gratidão”, observa.
Oportunidades com a folia
Para a analista do Sebrae no Pará, Selma Freitas, as datas comemorativas ajudam a aumentar as vendas e podem ser uma ótima oportunidade de impulsionar o faturamento. “Os consumidores se identificam com algumas dessas comemorações e ficam sensibilizados para adquirir produtos que tenham conexão ou referência com a data”, destaca ela.
Falando especificamente do Carnaval, ela aponta quais produtos são ideais para oferecer à clientela. “O período de folia é ótimo para vender fantasias, enfeites para cabelos, acessórios que compõem os looks e roupas leves e despojadas. O setor de serviços também se beneficia, pois sempre há demanda para customização de abadás”, explica.
Contudo, Selma faz um alerta aos foliões: é essencial que o empreendedor conheça bem seus consumidores. “Investir na confecção e customização de fantasias pode garantir um faturamento extra, mas o empreendedor precisa identificar se a proposta conversa com o público da marca. Caso contrário, pode investir e não ter o retorno esperado”, observa.
Além do Carnaval, a analista destaca outras datas que ajudam a turbinar as vendas, como Dia das Mães, Dia das Crianças, Círio de Nazaré e Natal.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias Pará