Cultura

‘Abaeté: gênero, história e contemporaneidade em espetáculo teatral na Casa da Cultura de Canaã dos Carajás

O espetáculo teatral Abaeté é mais uma programação do espaço cultural, e estará em cartaz nos dias 22 e 23 de janeiro

O movimento de encontro do presente com o passado de Abaetetuba vai ocupar o palco da Casa da Cultura de Canaã dos Carajás, que recebe, nos dias 22 e 23 de janeiro, o espetáculo teatral Abaeté. O projeto foi contemplado no Edital Casa Aberta Amazônia Paraense e chega ao equipamento do Instituto Cultural Vale para levar o público a uma viagem no tempo, convidando os presentes a um mergulho nas histórias e silêncios de gerações da cidade do miriti.

Segundo a coletiva Achados e Perdidos, responsável pelo espetáculo, “Abaeté” é um encontro com a ancestralidade. “É uma volta no tempo, para ouvir gritos e falar sobre

silêncios. É uma ilha de casas, de corporalidades, de naturezas. É sobre ressignificação e sobre construção; imigração e não-binariedades; gênero e ‘mulheridades’. É sobre o ontem e o amanhã. É corpo e tempo”, diz a descrição da peça.

Foto: Divulgação

Ambientada na ilha de Abaetetuba, no Pará, a trama acompanha a jovem Abaeté em sua jornada para revisitar as histórias de sua avó e bisavó. Em um diálogo profundo entre passado e presente, a peça cria uma ponte que conecta passado, presente e futuro.

Com texto e atuação de Lírio do Pará, a obra é parte da pesquisa da artista sobre a perspectiva de uma pessoa não binária nas artes cênicas, e traz as referências culturais paraenses para a criação do espetáculo. A dramaturgia do espetáculo durou um ano para ficar pronta e foi construída junto de sua avó, Dona Sebastiana, a grande homenageada da peça.

“O espetáculo é diretamente uma homenagem para a minha avó Sebastiana da Conceição Rodrigues, e consequentemente uma homenagem para o lugar onde ela nasceu, uma comunidade ribeirinha em Abaetetuba. Aí eu sempre fui a neta que ouvia as histórias dessa senhora, que é a matriarca da nossa família, e sempre quis aproveitar essa oportunidade para criar uma obra e dividir todos esses movimentos, essas histórias com o público, sabe”, descreve Lírio.

A artiste diz esperar que o público se emocione. “Quero que as mensagens do espetáculo cheguem ao público, que o público possa sentir essa Amazônia, a textura desse miriti, que possa perceber essa pluralidade, essa diversidade da Amazônia e possa se envolver dentro da perspectiva dessa pessoa. Olhando para a história dessa voz, para esse território e todas as questões que o espetáculo aborda”, diz.

“Tem uma coisa muito linda que sempre ao final do espetáculo, as pessoas saem muito emocionadas. Tem muitos e muitas jovens LGBTs que chegam para mim, conversam sobre o espetáculo; tem muitas idosas, que são da vivência da minha avó e vêm comigo emocionadas dizendo ‘eu vejo minha minha neta em ti, eu me vejo na na tua avó’, e tudo mais. Então é um espetáculo para todos os públicos, sabe?”, conclui Lírio.

Sobre a peça

O espetáculo faz parte de um experimento entre performance, teatro documental e audiovisual. Sua cenografia parte de matérias primas existentes em território amazônico para a confecção de objetos e visualidades da peça. A experimentação sensorial da obra também perpassa o uso de elementos de som e cheiro trazidos da região amazônica,  criando uma simbiose de percepção do público com a obra. Já a trilha sonora da peça é construída a partir do primeiro álbum de Íris da Selva, artista trans não-binário, do interior do Pará, que traz uma sonoridade extremamente forte e delicada que reflete sobre amazônia e gênero.

A peça teve sua estreia em maio de 2023, na Alvenaria Espaço Cultural. Em agosto do mesmo ano, a convite do Sesc Estação Saudade em Ponta Grossa/PR, realizou sua seguinte temporada. “Abaeté” está em diálogo para outras temporadas para o ano de 2024.

Sobre Lírio do Pará

A artiste paraense não-binárie é formada no curso técnico em ator pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA) e estudante de eventos na FMU. É fundadora da produtora e coletiva Achados e Perdidos, onde desenvolve seus projetos junto de diversos artistas paraenses e/ou LGBT+. Na área do teatro tem conhecimento com direção, dramaturgia, atuação, assessoria de comunicação e produção cultural. É também dramaturga e diretora do espetáculo sobre não binariedades “FLUYDA”.

Serviço

Datas: 22 e 23 de janeiro de 2025

Local: Casa da Cultura de Canaã dos Carajás

Horários: 9h e 14h

Público: aberto à comunidade

Informações: (94) 99220-3451

Por: Natália Mello

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guaranyjr

Guarany Jr Prof. de Graduação e Pós de Marketing, Jornalismo e Propaganda, Jornalista, Comentarista, Consultor, Administrador, Palestrante - Belém - Pará - Brasil.

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