Tese de doutorado aponta novo tratamento para traumatismo craniano em bebês
Aprovada na USP, a pesquisa do neurocirurgião paraense Carlos Lisboa Neto foi considerada de grande relevância clínica e publicada na revista internacional Surgical Neurology International.
Uma nova ferramenta desenvolvida para tratar fraturas no crânio de crianças com menos de 1 ano de idade surge como uma promissora alternativa de intervenção, atuando de forma mais rápida, segura e minimamente invasiva.
A nova técnica, denominada martelo de repuxo, foi tema da tese de doutorado do neurocirurgião paraense Carlos Lisboa Neto, intitulada “Aplicação do martelo de repuxo no tratamento das fraturas cranianas tipo bola de pingue-pongue: descrição e análise comparativa da nova técnica cirúrgica”.
A pesquisa, aprovada pela banca avaliadora da Faculdade de Medicina da USP, no último dia 06 de dezembro, foi publicada pela revista Surgical Neurology International.
“Essa nova ferramenta, que ainda está em processo de obtenção de patente, foi desenvolvida para o tratamento das fraturas do crânio com afundamento em bola de pingue-pongue, típica dessas crianças menores de 1 ano. Ela resolve as deformidades atuando no centro da fratura, corrigindo de forma rápida e eficaz.”, explica o neurocirurgião.
Segundo ele, a técnica cirúrgica foi inspirada na técnica de correção de amassados em lataria de automóveis, conhecida popularmente como martelinho de ouro.
Comparação com o tratamento tradicional
Em uma experiência feita em modelo de simulação realística, a pesquisa comparou o martelo de repuxo com a técnica cirúrgica tradicional já utilizada, no caso, a elevação com dissector, na qual é feita uma trepanação na borda do afundamento e inserido um instrumental dissector para a correção.
Os resultados, de acordo com o médico, apontaram a mesma eficácia da correção do afundamento, porém, a nova técnica do martelo de repuxo mostrou-se mais eficiente por ser mais rápida e menos invasiva.
“Essa pesquisa gera importante impacto global no tratamento do traumatismo craniano infantil, e confere inovação, pioneirismo e visibilidade para a neurocirurgia pediátrica brasileira no cenário mundial.”, destaca.
O neurocirurgião ressalta que o traumatismo craniano é uma das lesões mais comuns na infância. Nos Estados Unidos, por exemplo, o traumatismo craniano em crianças é responsável por cerca de 95.000 internações hospitalares a cada ano.
As fraturas atingem mais comumente as regiões parietal e frontotemporal da cabeça da criança. Nos recém-nascidos, pode ocorrer na hora do trabalho de parto ou por outros impactos na cabeça, como a queda.
“Vários estudos identificaram que crianças com menos de 2 anos de idade são propensas a fraturas cranianas, sendo que bebês com menos de 1 ano de idade correm um risco particularmente alto pela imaturidade do cérebro.”, explica.
Ele conta que o interesse pelo tema surgiu através da observação de casos de afundamento de crânio em bebês, que não eram resolvidos de forma eficaz pelos métodos existentes na atualidade.
A pesquisa durou 4 anos e foi desenvolvida na Disciplina de Neurocirurgia do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com apoio da Clínica FC Macedo em Ananindeua(PA). E foi considerada de alta relevância clínica pela banca avaliadora na USP.
Fonte: Norte Comunicação/Por Iva Muniz