Lançado nesta quinta-feira livro sobre a dominação cultural de indígenas do Alto Rio Negro
Pesquisadores revelam informações de documentação secreta da ditadura militar
O lançamento do livro “Povos Indígenas do Alto Rio Negro e dominação colonial – A resistência na contracorrente de missões, missionários e militares”, será lançado nesta quinta-feira (29), às 18h, no Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso. A publicação tem autoria de Edna Castro (PPGDSTU/NAEA/UFPA), Joaquina Barata (UFPA), Valdecir Palhares, Antonio Maria de Souza Santos (Museu Emilio Goeldi); que no lançamento participarão de um debate com convidados como Violeta Refkalefsky Loureiro, Paulo Roberto Ferreira, Luiz Sérgio Samico Maciel, Daniele Ribeiro, Joshy Marworno e representantes de povos indígenas do Alto Rio Negro.
A região onde estão os Povos Indígenas do Rio Negro é uma das mais fascinantes do mundo amazônico. Desde o século XVII, se configurou como de colonização antiga na Amazônia, pela abundância de indígenas que ali viviam, de diversas etnias e numerosa população, e pelas facilidades de acesso fluvial ao comércio das “drogas do sertão”. É uma floresta que atravessa os Estados do Amazonas e Roraima, além de territórios na Colômbia, Venezuela e Guyana, onde povos indígenas de línguas Aruak, Naduhup e Tukano Oriental, viveram por milhares de anos e ainda hoje, pelo Censo de 2022, compõem a maioria da população.
A obra discute questões importantes sobre as relações que foram estabelecidas com os povos indígenas ao longo de séculos e as marcas das contradições do processo de dominação colonial, incluindo as alianças e os conflitos, as formas de resistência e o convívio com missionários e colonizadores. “Os indígenas guardam ainda hoje na memória as histórias de violência, de descimentos de suas aldeias, a exploração do trabalho nos povoados, a dizimação de muitos povos e pessoas desde o início do processo de colonização do vale do rio Negro”, conta Edna Castro.
Para além das referências teóricas, o livro relaciona informações, inclusive fotográficas, obtidas diretamente em campo, com os interlocutores indígenas e não indígenas, a partir de um relatório classificado como secreto e interditado à circulação pela ditadura militar. Até mesmo aos autores foi negado acesso a este documento, que só depois conseguiram acesso para apresentar a situação da região.
Os pesquisadores destacam que o livro é leitura indispensável no momento em que a região amazônica se prepara para realização da COP-30, que será realizada no ano que vem em Belém. “Diante das turbulências de nosso tempo, seus saberes sobre a floresta e os cursos d’água fazem parte do portfólio que o Brasil apresenta ao mundo diante dos preparativos para a COP 30 e as urgências que nos envolvem a todos pelas mudanças climáticas, contando com a biodiversidade e a vida mantida nas florestas. É o caso dessa região do Alto Rio Negro, o maior conjunto de floresta contínua preservada no país”, destaca Edna Castro.
A publicação teve o apoio da Cooperativa de Consumo (UNICON) e, após o lançamento, o livro pode ser comprado na Livraria do NAEA, no campus da UFPA no Guamá, e no site da Editora Valer e na Livraria Travessia.
SERVIÇO
Lançamento do livro “Povos Indígenas do Alto Rio Negro e dominação colonial – A resistência na contracorrente de missões, missionários e militares”
Data: quinta-feira (29), às 18h
Local: Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso
Fonte: Jambo Comunicaçãp