Com apoio do Fundo Vale, produtos florestais ganham destaque e projetam um futuro econômico mais sustentável para a Amazônia
Aliando conservação da biodiversidade, recuperação florestal e industrialização sustentável, empresas investem em inovação a partir de produtos regionais
Modelo econômico voltado para o uso sustentável dos recursos da floresta, a bioeconomia cria produtos de valor agregado e auxilia no desenvolvimento da região com a geração de trabalho e o aumento da renda das populações locais ao promover, ao mesmo tempo, conservação da biodiversidade, a recuperação florestal e a industrialização sustentável.
Aqui no Pará, esse caminho já vem se tornando realidade por meio do desenvolvimento de biocosméticos, bioinsumos e outros produtos que vêm ganhando destaque e projetam um futuro econômico mais sustentável para a Amazônia com apoio do Fundo Vale e diversos parceiros empenhados na estruturação de negócios de impacto socioambiental que gerem retorno financeiro e com potencial de escala.
Com o propósito de fortalecer uma economia sustentável, justa e inclusiva, o Fundo Vale investe e fomenta negócios e iniciativas de impacto socioambiental positivo. Em 15 anos, o Fundo Vale já investiu um total de R$360 milhões em iniciativas de impacto socioambiental na Amazônia e apoiou 340 empreendimentos de impacto socioambiental positivo.
Para Patrícia Daros, diretora de Soluções Baseadas na Natureza da Vale, apesar de a bioeconomia não ser um tema novo, ela tem se popularizado ao conectar empreendedorismo e a inovação para alavancar o desenvolvimento regional. “A Amazônia é a floresta tropical com a maior reserva de biodiversidade do planeta. Seu potencial em bioeconomia é inquestionável. A busca por um modelo de desenvolvimento econômico sustentável, justo e inclusivo tem que passar pela identificação de oportunidades e a superação de importantes desafios na região. Promover a bioeconomia e o empreendedorismo é investir no futuro da Amazônia e, para isso, temos o desafio de, por meio do Fundo Vale, impulsionar soluções de impacto socioambiental positivo unindo os saberes tradicionais aos conhecimentos científicos e tecnológicos”, afirma.
Super alimento da floresta
Um exemplo de negócio com produto de valor agregado criado a partir dos elementos da floresta é a Mazô Maná, de Altamira, no Sudoeste do Pará, que trabalha com a produção e comercialização de super alimentos gerados a partir de frutos regionais como açaí, cupuaçu, cumaru e taperebá (cajá), além do cacau, oriundos do extrativismo sustentável e comunitário. O empreendimento surgiu em 2022 e compõe o portfólio da AMAZ, a maior aceleradora e investidora de negócios de impacto do norte do país, e tem hoje em seu portfólio 18 negócios. Apoiada pelo Fundo Vale, a iniciativa conta com um fundo de financiamento híbrido (blended finance) de R$ 25 milhões para investimento em negócios de impacto nos próximos cinco anos, o primeiro voltado exclusivamente para a região.
Com foco no mercado alimentício local, nacional e para exportação, a startup desenvolveu o “SuperShake da Floresta Amazônica”, produto feito com 14 ingredientes amazônicos que tem como diferencial ser um suplemento vitamínico 100% natural e plant-based, ou seja, criado majoritariamente a partir de plantas e frutos da região.
“A ideia de criá-lo surgiu da necessidade de promover uma nova geração de negócios na Amazônia que agregue valor para as comunidades e para a floresta, oferecendo um produto saudável e sustentável para quem consome. É indicado para todos que buscam uma alimentação funcional e equilibrada, incluindo veganos, atletas e pessoas com dietas específicas. O Supershake é considerado o primeiro produto da empresa, como explica um dos fundadores da Mazô Maná, Marcelo Salazar.
Atuando em rede, a Mazô Maná busca junto com comunidades e parceiros o desenvolvimento de mecanismos de valorização da floresta como Pagamento por Serviços Socioambientais e créditos de carbono e planeja investir em novos projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de nutrição funcional. “O apoio da AMAZ, da qual o Fundo Vale é parceiro, surgiu da busca da Mazô Maná por investimentos que não só fornecessem capital, mas também compartilhassem o compromisso com a sustentabilidade e o impacto positivo na Amazônia. A empresa observou um crescimento significativo, tanto em termos de desenvolvimento do negócio em si quanto na ampliação de sua rede de parceiros e clientes. Atualmente, a Mazô Maná está em fase de expansão, trabalhando na ampliação da produção e distribuição de seus produtos e fortalecendo suas parcerias com comunidades locais e organizações de impacto”, diz o empresário.
“Diamante Negro” da Amazônia
A DINAM, startup que surgiu em 2021 em Parauapebas, no sudeste do Pará é outro exemplo de negócio que fomenta a bioeconomia na região, dessa vez por meio da produção de pimenta-do-reino, um dos temperos mais procurados em todo o Brasil. A empresa trabalha no plantio e no beneficiamento do produto e projeta alcançar, até 2026, atuando em toda a extensão da cadeia, que vai do cultivo à venda ao cliente final, a produção de mais de 100 toneladas de pimenta-do-reino sustentável.
Participante da Jornada Impacto ao Cubo, com apoio do Fundo Vale, a DINAM tem a chance de se aprofundar nas diversas dimensões relacionadas a gestão e mensuração do impacto socioambiental positivo, com suporte ao negócio na ampliação das oportunidades, unindo soluções inovadores à geração de impacto positivo.
“No Inova Up da Fundação Vale, aprendemos o que era um negócio de impacto positivo e então criamos a DINAM baseada nessas premissas. Desde a implantação do primeiro pimental sustentável da região que contribui para a floresta em pé, conhecemos assuntos importantes como o ‘Comércio Justo’ e, principalmente, aprendemos como colocá-lo em prática com nossos produtores parceiros. Hoje, na Jornada Impacto ao Cubo, nós temos acesso a diversos especialistas e participamos de discussões que têm nos ajudado muito a criar nossa teoria de mudança, definindo com mais precisão o nosso impacto e a mensuração dele na Amazônia”, comenta Thainara Vasconcelos, cofundadora e diretor-geral da DINAM no Pará.
Celeiro de oportunidades
Originário do agronegócio, “O Celeiro”, startup paraense que também participa da Jornada ao Cubo em parceria com o Fundo Vale, surgiu a partir de um grupo familiar na década de 1980 em São Francisco do Pará, região nordeste do Estado. Em 2024, a empresa, liderada por Sonia Morais e Caroline Salbé e que passa por novo processo de expansão, trabalha em frentes distintas que derivam da própria produção agropecuária, como o agroturismo e o chamado “agroentretenimento”.
Produzindo atualmente 100 variedades de frutas e hortaliças e mais de 100 produtos artesanais, como geleias e compotas de frutas regionais, o empreendimento hoje conta com 40 colaboradores e, pelo menos, 30 produtores e empresas parceiras que buscam integrar a produção e o comércio sustentável de produtos agroflorestais ao bem-estar, a gastronomia e as artes ao conhecimento e ao estilo de vida rural.
João Humberto Morais é diretor executivo da empresa e diz acreditar no potencial da bioeconomia aliada ao agronegócio na região. “Nosso sonho é mudar o mundo para melhor através do desenvolvimento sustentável do agronegócio. A forma que promovemos esse estilo é fazendo nossos produtos e serviços com alta qualidade, sustentabilidade e excelência. Uma grande parte dos nossos produtos são criados com nossos elementos regionais e esse é um de nossos fundamentos. Bioeconomia é uma das formas de negócio fundamental para impactar positivamente o mundo. O conceito de criar tecnologias com intenção de inovar com produtos e serviços sustentáveis é um caminho sem volta para o mercado. Nós devemos nos responsabilizar para contribuir empreendendo com esses conceitos. Temos um potencial extraordinário de inovação a partir da nossa diversidade ambiental, social e natural”, comenta.
Para quem quer investir em negócios sustentáveis e fortalecer a bioeconomia na região, o empresário também deixa sua recomendação. “Se você tem uma ideia e propósito, estruture essa ideia. Busque parcerias com organizações para adquirir conhecimento, fomentar e acelerar negócios de impacto. Elas têm expertise para orientar e conectar os empreendedores com esse ecossistema”, conclui João Humberto.
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