O centenário de Manoel Miranda Sobrinho, 02 de maio de 2024
Foi o 1 ° presidente brasileiro da Tuna Luso Brasileira que o homenageou com o Ginásio de Esportes Miranda Sobrinho
O dia 2 de maio de 1924 foi marcado pelo nascimento de Manoel Miranda Sobrinho, no município de Capanema, no nordeste do Pará. Era uma sexta-feira quando José Ferreira de Miranda e Cândida Freitas Miranda, que já tinham sete filhos – Osvaldina, Nair, Wanda, Mirian, José, Antônio, Mirandinha – receberam o bebê Manoel, conhecido como ‘pinto pintado’, nos braços. Anos depois, a caçula Iolete chegou para completar a família.
Embora tenha estudado somente até o curso primário na Escola Lauro Sodré, em Belém, Manoel era autodidata. Valorizava muito a leitura e a educação. Sempre que possível, estava debruçado em livros como as enciclopédias Delta-Larousse ou Barsa, coleção de Júlio Verne, livro Caminhos do ouro ou romances de José de Alencar. Curioso, era dono de uma cultura geral invejável, sempre com respostas prontas a todas as perguntas – em português, francês e espanhol (línguas que aprendeu por conta da sua curiosidade).
Em uma das viagens à cidade de Ubajara, no Ceará, para visitar familiares e tratar um problema pulmonar, conheceu a mulher sertaneja que mudou o curso da sua vida, Maria Noemi. Com ela, construiu uma família linda, que gerou sete frutos – José Ângelo, Beta, Paulo, Meg, Murillo, Carol e Cláudia. Esses frutos multiplicaram e hoje, Manoel e Noemi são avós de mais de 15 netos e bisavós de mais de 15 bisnetos.
Desde cedo, Manoel trabalhou para ajudar em casa. Uma das primeiras oportunidades foi com a venda de revistinhas em quadrinho e comidas dentro do trem, mas foi o emprego como homem de confiança de um comerciante português, Seu Adão, proprietário de navios que transportavam borracha do Acre para Belém, que se estabilizou e pôde dar conforto e segurança a sua família.
Manoel era um homem dinâmico, com uma visão arrojada do futuro demonstrada em seus projetos. Um dos mais especiais foi a inauguração de uma biblioteca na Escola Mário Carneiro, no bairro da Sacramenta. Além de incentivar os estudos dos filhos, era um tio acolhedor e, junto com Noemi, abriu as portas da sua casa para que sobrinhos viessem do interior morar na capital para estudar.
Cantar, declamar, cuidar de passarinhos e reunir a família em uma casa de fim de semana eram as maiores alegrias de Manoel, que comprou um sítio, o qual colocou o nome de “Happy Place”, um lugar feliz, para poder se divertir ao lado de quem mais amava: familiares e amigos. Ser agregador era um dom dele, que sempre teve carro grande para poder levar filhos e sobrinhos a passeios.
Outra paixão de Manoel era viajar. Teve a oportunidade de conhecer países da América do Sul e Europa, mas as viagens para Salinas, com os jogos de conhecimentos gerais realizados com os filhos durante o trajeto, a contagem de quantos carros foram ultrapassados e a disputa para descobrir quem iria ver primeiro o farol, criaram muitas memórias afetivas. Afeto que ele encontrou também na maçonaria, a qual o concedeu o título de Grão-Mestre, líder máximo da ordem.
O incentivo ao esporte amador em Belém, sobretudo, remo e voleibol, era outra característica marcante de Manoel, chamado também de ‘galo da campina’ durante as partidas de vôlei com filhos e amigos. Adorava também o espiribol, esporte que implementou no “Happy Place”.
Por conta da sua participação assídua em eventos esportivos, o menino de Capanema foi o 1 ° presidente brasileiro da Tuna Luso Brasileira. Trouxe artistas como Amália Rodrigues, Ivon Koury e Eliana Pitman para a inauguração da boate do clube, o que trouxe muitos avanços nos âmbitos esportivos e culturais de Belém.
Infelizmente, em agosto de 1972, precisou viajar para São Paulo em busca de cuidados com a sua saúde. Foi submetido a uma cirurgia de apêndice para esclarecer o diagnóstico e dia 29 de agosto teve um infarto fulminante. Aos 48 anos, Manoel teve a sua vida interrompida neste plano, mas sua família guarda em sua memória os bons exemplos deixados por este grande homem. O assobio característico que unia todos os filhos quando feito, segue ecoando nos corações de cada um, como um verdadeiro chamado para a união familiar.
Fonte: Assessoria da Família