Panorama

Em Belém, ministro da pesca destaca potencial do setor na Amazônia

O governador Helder Barbalho, que está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos para a COP 28, enviou mensagem em vídeo para o evento

Com mais de quatro mil inscritos, segue até esta terça-feira (5) a programação da primeira edição do IFC Amazônia. O evento reúne todo o setor da aquicultura e pesca da região amazônica com o objetivo de discutir a sustentabilidade através das águas, principalmente com a produção de pescados. O congresso internacional recebe mais de 80 palestrantes do Brasil, apresenta feira de negócios e tecnologia e o Corredor do Sabor, um espaço para produtos regionais e aulas-show com chefs locais. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site do evento, onde também consta a programação completa: www.ifcamazonia.com.br

A solenidade de abertura contou com a presença do Ministro da Pesca, André de Paula. Em Belém, o representante do Governo Federal destacou que a sustentabilidade da cadeia produtiva do pescado é um dos caminhos que colocam o Brasil como uma das potências de produção de proteína animal com preservação da floresta. A escolha da capital paraense como sede da primeira edição do IFC Amazônia, que segue até terça-feira (5) está no contexto não só do potencial da região, mas também do protagonismo que a Amazônia tem conquistado no cenário internacional, uma vez que irá sediar a Conferência das Partes (COP-30) da Onu em 2025.

Ministro André de Paula
Foto: Divulgação

“A Amazônia tem um enorme potencial e uma vocação para a sustentabilidade, com geração de empregos e o setor da pesca cumpre um papel importante. O IFC é um grande evento, já bastante conhecido e tinha que estar e chegar aqui na Amazônia, que é tão importante para o desafio que temos de transformar o enorme potencial do nosso país para a pesca e aquicultura em realidade, com sustentabilidade”, destaca.

O governador Helder Barbalho, que está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos para a COP 28, enviou mensagem em vídeo para o evento. “Agradeço a escolha de Belém, que com esse evento é também a capital nacional da pesca. Desejo um excelente evento a todos, para discutirmos alternativas e formas para desenvolver mais a pesca e a aquicultura no nosso Estado e na Amazônia. Estamos aqui na COP 28, justamente discutindo maneiras de desenvolver mantendo a floresta viva”, disse.

Para o presidente do IFC, Altemir Gregolin, a escolha de Belém como local da primeira edição do IFC na Amazônia demonstra um olhar atento do setor de todo país para o potencial da região e a capacidade de produzir com sustentabilidade. “Esse evento tinha que ser no Pará pelo seu histórico produtor e pelos investimentos que vem fazendo para enriquecer a cadeia produtiva, mostrando que é muito mais vantajoso e saudável para a manutenção da floresta em pé investir na piscicultura, em tanques de criação de peixe. Esse tipo de produção ajuda a preservar a Amazônia”, ressalta. 

O titular da Secretaria de Estado da Agropecuária e da Pesca do Estado do Pará.  (SEDAP), Giovanni Queiroz, reforçou que o potencial da Amazônia e do Pará para a aquicultura (cultivo de peixes) em conjunto com a atividade pesqueira deve colocar o Estado num maior protagonismo neste setor, com mais investimento e apoio aos produtores, gerando renda e emprego. “Estamos focados em políticas e ações de apoio ao pequeno, médio e grande produtor. É um esforço conjunto para transformar e restaurar a floresta, a Amazônia”, diz. 

Durante a abertura oficial, foram anunciados os vencedores do Prêmio IFC Amazônia, em reconhecimento à atuação das empresas e entidades em defesa do setor. Personalidades e produtores do setor também foram reconhecidos por meio de premiações em categorias. 

Para Eliana Panty, CEO da Fish Expo, a premiação IFC Amazônia é uma forma de reconhecer os trabalhos e as iniciativas inovadoras no desenvolvimento da cadeia do pescado na região amazônica. “São contribuições que vão assegurar segurança alimentar e um futuro mais sustentável nos pilares econômicos, sociais e ambientais”, acredita.

Em Inovação em Aquicultura, a ACRIPAR- Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia foi a grande reconhecida pelo papel desempenhado no desenvolvimento da piscicultura, transformando o estado no maior produtor de peixes nativos do país. 

Na categoria Inovação em Pesca na Amazônia, o manejo e o transporte sustentável do caranguejo-uçá foi o vencedor. O projeto, apoiado pelo governo do Pará em parceria com diversas associações de extratores de caranguejo, resultou na diminuição da mortalidade no transporte e armazenamento do crustáceo em 80%. Com isso, diminuiu o esforço de pesca, contribuindo para a  preservação da fauna.

No reconhecimento da Pesquisa na Amazônia, a Embrapa pesca e aquicultura foi o destaque da categoria pelo trabalho que visou o desenvolvimento de pacotes tecnológicos para espécies nativas, como: modelo integrado de produção de pescado, banana, açaí e outras culturas agrícolas; utilização de populações monosexo de tambaquis; desenvolvimento de tecnologias de edição genômica em peixes tropicais da aquicultura nacional; produção de tambaqui em sistemas multitrófico; ações de pesquisa e transferência de tecnologias para pirarucu; sistema de inteligência territorial estratégica da aquicultura.

Na categoria Sustentabilidade na Amazônia, a Norte Energia foi a premiada pelo desenvolvimento de atividades ligadas à proteção ambiental do Rio Xingu e os projetos de descarbonização da matriz energética. São mais de 100 planos, projetos e programas que mostram o compromisso da Companhia com o desenvolvimento da região onde está instalado o Complexo Hidrelétrico Belo Monte e mostra o propósito da Norte Energia de ser agente de transformação do território onde atua.

Já o Prêmio Latino Americano de Pescado na Amazônia foi para o Rainforest Aquafarm, do Peru.  A iniciativa abriu o mercado gastronômico americano para as espécies amazônicas, com um árduo trabalho comercial com todos os atores da cadeia de valor: produtores, importadores, canais de vendas, chefs, formadores de opinião e consumidores, destacando, entre outras questões, as propriedades gastronômicas dos peixes de água doce. Também desenvolveu ações de recuperação de áreas degradadas com reflorestamento e aquicultura na Amazônia.

O Governo do Pará ganhou destaque no reconhecimento de políticas públicas na Amazônia pela implementação de ações visando o desenvolvimento da pesca e aquicultura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca – SEDAP, em especial, a Sanção da Lei 9.665/ 2022, e do Decreto 3385/ 2023 que dispõe sobre a política de desenvolvimento sustentável da aquicultura.

Homenagens – O empresário Gilberto Vaz recebeu uma homenagem póstuma pelo pioneirismo e pelas inovações na piscicultura sustentável paraense. Falecido em outubro deste ano, Alessandra Vaz, filha dele, foi quem o representou neste momento. Orlando Lobato, presidente da FEPA-Federação de Pesca, também teve seu trabalho reconhecido, são 40 anos de luta pelo desenvolvimento da pesca artesanal brasileira e pela defesa do meio ambiente, em especial do período de defeso de 15 estados durante atuante trabalho à frente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores.

Pesquisadores e especialistas discutem vocação amazônica para o pescado

O evento iniciou logo pela manhã, com painéis técnicos e especialistas de diferentes países que integram a bacia amazônica, além de debates sobre a alta de demanda por pescado no cenário internacional e linhas de crédito e financiamento para a atividade. 

Por videoconferência, o vice-diretor de Pesca da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Audun Len, destacou a alta demanda mundial para a produção de pescado. Na mesa seguinte, representantes de instituições e empresas do Peru, Colômbia, Equador e Bolívia apresentaram perspectivas para a produção sustentável com responsabilidade social na aquicultura e pesca, mostrando experiências exitosas desses países.

A manhã encerrou com outro painel internacional, discutindo desafios e estratégias para ampliar o acesso ao mercado nacional e internacional do pescado amazônico, com participação de representantes de empresas do Peru, Uruguai e Estados Unidos. 

O período da tarde foi marcado por palestras técnicas de pesquisadores que atuam no setor pesqueiro e aquícola, com apresentações sobre o potencial da bioeconomia e debates sobre carbono e as oportunidades para a aquicultura. A rodada de painéis encerrou com representantes de instituições de financiamento e crédito para a atividade, como BNDES, Banco da Amazônia, entre outras.

Produção – Na área da Feira de Negócios e Tecnologia, o público presente no congresso conheceu iniciativas de empresas, instituições, universidades e órgãos públicos voltadas para a sustentabilidade da cadeia produtiva do pescado. 

Outro espaço que tem chamado a atenção dos presentes é o Corredor do Sabor, com empresas e start-ups que atuam na região amazônica com inovação e sustentabilidade, produzindo com ingredientes de base familiar. Entre os produtos apresentados estão aqueles que possuem registro de Indicações Geográficas (IG), além de outros que estão demandando o reconhecimento. 

O registro é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de sua notoriedade ou pela influência devida aos recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (know-how ou savoir-faire).

As 4 IGs do Pará, já reconhecidas e registradas junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), são Tomé-Açu para o produto cacau; Terra Indígena Andirá Maráu para o produto waraná e bastão de waraná (guaraná); Marajó para o produto queijo; e Bragança para o produto farinha de mandioca. O corredor também será uma vitrine para produtores com potencial para futuras indicações, como o chocolate, da ilha do Combu; o mel, do nordeste paraense e o açaí do Pará.

No Corredor do Sabor, espaço destinado à valorização dos produtos locais, serão realizadas aulas com chefs locais na cozinha show, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem). As aulas ocorrem nos três dias de evento, em duas sessões, iniciando às 15h e às 16h30. As aulas têm cerca de uma hora de duração e serão realizadas pelos chefs Edvaldo Caribé Costa Filho; Antônio Comaru; Lucilene Gonçalves Torres; Wagner Vieira; Nazareno Alves e Fábio Sicília. 

Realização e apoio – O IFC Amazônia é realizado pelo IFC Brasil – International Fish Congress & Fish Expo Brasil, tendo a Fundep (Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação) com co-realizadora. O evento tem o  patrocínio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco da Amazônia S.A, Banpará (Bando do Estado do Pará)e Norte Energia (Usina Hidrelétrica Belo Monte). Tem o apoio do Governo do Estado do Pará; SEDAP (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca); MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura); ABIPESCA (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados); PEIXE BR (Associação Brasileira da Piscicultura); FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura); Sistema FAEPA/Senar; FEPA (Federação dos Pescadores do Pará) e SINPESCA (Sindicato das Indústrias de Pesca dos Estados do Pará e Amapá).

Fonte: IFC Amazônia 

Por Daniel Nardin

 
 
 
 
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guaranyjr

Guarany Jr Prof. de Graduação e Pós de Marketing ,Jornalismo e Propaganda, Jornalista, Comentarista, Consultor, Administrador, Palestrante - Belém - Pará.

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