Atitude social: Hospital Ophir Loyola conscientiza mulheres para prevenção do câncer de colo de útero
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Outros fatores contribuem para a formação desse tipo de câncer, como baixa imunidade, má alimentação, antecedentes familiares de câncer do colo uterino e tabagismo. O histórico pessoal de cada paciente, a infecção por um vírus oncogênico e o não tratamento das lesões ocasionadas pelo HPV também favorecem o surgimento do câncer de colo de útero. O tipo mais comum é o carcinoma epidermoide, que acomete o lado externo do colo de útero. Portanto, o diagnóstico é mais fácil. Há outro câncer mais interno no canal do colo, chamado adenocarcinoma, e tipos mais raros.Consultas com especialistas e exames anuais devem estar acessíveis a todas as mulheresFoto: Divulgação
No Centro de Alta Complexidade (Cacon) do Hospital Ophir Loyola estão em tratamento contra o câncer 4.252 mulheres, das quais 938 têm câncer de colo de útero, um dos tipos mais incidentes no público feminino, atrás somente dos 1.048 casos de câncer de mama. A alta incidência mostra a realidade da região Norte, onde esse tumor maligno é o mais frequente entre as mulheres, com exceção dos casos de câncer de pele não melanoma.
Cerca de 70% das pacientes em tratamento estavam sem fazer o preventivo há mais de dez anos, ou nunca se submeteram ao exame, aponta análise da equipe de ginecologia oncológica do Hospital Ophir Loyola. O especialista Celso Fukuda informa que a neoplasia maligna está relacionada à vulnerabilidade social dessas mulheres, o que forma um cenário de risco para o desenvolvimento da doença. Geralmente, a progressão desse câncer é lenta, e pode levar de cinco a dez anos, o que possibilita o diagnóstico precoce de lesões pré-malignas e a interrupção da evolução para o câncer.
“As mulheres que colhem o preventivo têm o primeiro grau completo, somente um ou dois filhos e realizam o exame pelo menos uma vez ao ano. Mas quando comparadas com aquelas em tratamento no ‘Ophir Loyola’, o perfil muda. São mulheres que ganham em torno de meio salário mínimo, geralmente recebem algum auxílio do governo para sobreviver, possuem mais de cinco filhos, são iletradas ou estudaram até a quarta série. Elas têm dificuldade de ir ao posto de saúde por não terem com que deixar as crianças”, explica o especialista.
Para Celso Fukuda, é um desafio identificar as mulheres que não realizam o papanicolau na região Norte e fazê-las passar pela coleta da amostra, para que se obtenha a redução da incidência e da mortalidade por câncer de colo de útero. Segundo o especialista, ainda que o programa de rastreamento brasileiro ocorra por demanda espontânea, não há recrutamento de mulheres para realização do exame.
“Quem procura o posto de saúde tem certo grau de instrução, ao contrário das demais que deixam de fazer o exame. Isso mostra a necessidade de fazer o controle e buscar alternativas e tecnologias para abranger esse público-alvo. Se as mulheres não vão até o posto, os profissionais devem ir até elas”, enfatiza o médico.
Celso Fukuda defende “a criação de um programa de rastreamento misto na região, por livre demanda e busca ativa nas residências”, e também a busca pelos programas já existentes, com a utilização dos agentes comunitários de saúde nas periferias das capitais ou nos municípios mais afastados. Ele acredita que por terem mais proximidade com a população, os agentes comunitários vão conseguir traçar o perfil das mulheres e convencê-las a ir à UBS mais próxima ou tentar usar outra tecnologia para fazer o preventivo na casa da paciente.
“A realização do preventivo por demanda espontânea reduziu a incidência nas regiões Sul e Sudeste, onde o câncer de colo uterino ocupa a quarta e a quinta posição, respectivamente. Quando elas têm o câncer é por intervalo maior ou por falha na coleta. Já o Norte ocupa a primeira posição. Contudo, o exame foi instituído no mesmo período em todo o Brasil. Chegou-se a pensar que era por outros motivos, mas há realidades socioeconômicas e culturais distintas nas regiões brasileiras. O Pará disponibiliza o exame e tem um índice de coleta muito bom, mas as usuárias que apresentam baixo padrão sociocultural não o procuram”, destaca Celso Fukuda.
Sintomas – Em fase inicial, a maioria dos tumores de câncer de colo de útero é assintomática. O rastreamento deve ser feito conforme a orientação médica ou a partir dos 25 anos, idade preconizada pelo Ministério da Saúde. Quando avança, os sintomas são parecidos com os de outras doenças, como sangramento durante ou após a relação sexual, corrimento com odor fétido e dor pélvica.
“Um ginecologista precisa avaliar essa mulher para descartar o câncer em fase mais avançada, já visível durante o exame físico. Aqueles tumores não visíveis no exame físico geralmente são iniciais. Nessa fase, se a mulher apresentar alguma lesão pelo HPV ainda não é um tumor maligno, mas o preventivo e a colposcopia mostram a alteração. Então, é feita a biópsia para que a paciente seja tratada, e assim não desenvolva o câncer. A taxa de cura é de 100% nas fases iniciais pré-malignas”, garante Celso Fukuda.
O oncoginecologista também orienta o uso do preservativo em todas as relações sexuais e a vacinação contra os quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) destinada a meninas de 09 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. “As meninas devem fazer a vacinação para se prevenir contra esse vírus, adquirir imunidade e não desenvolver o câncer no colo de útero no futuro. A vacina garante uma proteção de quase 80%. Mesmo vacinadas, as mulheres sexualmente ativas deverão fazer o preventivo. A vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV”, adverte o especialista.
Apesar de ser um câncer evitável, boa parte das mulheres chega ao Cacon na fase avançada da doença, já com lesão lateral do colo do útero e indicação à radioterapia. “Em estádio inicial pode ter até 90% de cura, e vai caindo conforme o grau da doença no momento do diagnóstico”, alerta Celso Fukuda.
No HOL, o ginecologista realiza a avaliação com toque, exame especular e toque retal. A partir daí, em alguns casos, já define o tipo de tratamento ou pode solicitar exames mais específicos. Usualmente, é indicada a cirurgia, quando possível, e a radioterapia associada à quimioterapia. A braquiterapia semanal é indicada após a radio mais a quimio. É um reforço para não ocorrer recidiva (volta da doença).
Fonte: Agência Pará