Outubro Rosa: Jornalista, Professora e Doutora Mariela Maneschy fala da importância do mês de outubro

Nosso portal conversa, hoje, com a Dra. Mariela Maneschy. Atua em segmentos de mercado, com profissionalismo do mais elevado padrão.
Leia, na íntegra, a entrevista com a talentosa professora Mariela Maneschy.

Dra. Mariela Maneschy
Formação: Profissional de Educação Física (UEPA) e Jornalista (UFPA). Doutora em Ciências do Movimento Humano (UNIMEP – SP).

Onde trabalha: ONCOFIT, UNAMA, UNINASSAU, SEDUC-PA
Demais atividades: Pesquisadora na área da Oncologia, Coordenadora do grupo de estudo e pesquisa em Exercício Físico Oncológico do Estado do Pará – EFIONCO Pará, Conselheira do CREF 18 PA/AP (Conselho Regional de Educação Física), Bailarina e Empresária.

1. Como está conciliando atividades profissionais e de casa com a pandemia?
R= Este ano de 2020 tem sido desafiador sob diversos aspectos. Além de termos que vivenciar o isolamento social, que por si só já é impactante, ainda tivemos que nos adaptar às novas formas de trabalho e estudo por meio de mídias digitais e atendimento remoto. Administrar a casa, realizar home office, cuidar da família e ainda produzir conteúdo de qualidade durante a pandemia têm sido o ponto alto deste ano. Para conciliar todas essas atividades são necessários organização, disciplina e um pouco de desprendimento. Sem isso, corremos o risco de prejudicar nossa saúde mental diante de uma situação tão delicada.

2. Como você atua com seus clientes?
R= Para garantir a continuidade dos atendimentos, foram necessários alguns ajustes nos métodos de avaliação e monitoramentos de nossos pacientes. Tivemos que criar estratégias de avaliação física remota, aulas virtuais e acompanhamento das atividades à distância. Confesso que o mais desafiador foram as práticas coletivas. Conseguir reunir remotamente um grupo de pacientes para aulas de dança, por exemplo, cada um na sua casa e sem muita intimidade com as tecnologias, foi o que nos deu mais trabalho (brinca a Dra. Mariela). No entanto, vencemos mais este desafio.

3. Seu trabalho envolve relacionamento com as pessoas. Como você desenvolve?
R= Trabalhar com pessoas exige muita paciência, cautela e jogo de cintura. Cada paciente é único. São necessidades, desejos, medos e anseios diferentes e o profissional da saúde precisa saber lidar com isso. O segredo é respeitar os limites de cada um, adotar medidas de humanização em saúde, buscar compreender as expectativas que eles trazem e tentar administrar isso dentro do que for possível atender. E o que não for, precisa ser esclarecido para que o paciente esteja ciente de todo o processo da sua recuperação, consciente dos limites do tratamento, porém seguros da sua responsabilidade e compromisso profissional diante dele.

4. Estamos no outubro rosa. Como você está atuando?
R= O mês de outubro é um dos mais importantes para a nossa área da oncologia. É o mês de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. E todos os anos, nossa equipe monta uma programação bem dinâmica para atender pacientes oncológicos da região. Este ano, será um pouco diferente, pois precisaremos respeitar as medidas de prevenção contra o Covid-19. Serão ofertadas palestras e atividades de forma remota e nossa equipe estará à disposição para realizar atendimento virtual e esclarecer dúvidas a respeito do câncer e do exercício físico oncológico.

5. Qual sua orientação para pacientes oncológicos?
R= Antes de iniciar a prática de exercícios físicos, recomendo que os pacientes oncológicos busquem sempre profissionais habilitados e que entendam do assunto. Não é qualquer profissional da área da Educação Física que se sentirá seguro para realizar avaliação e prescrição direcionada a este público. Existem protocolos específicos e algumas restrições que precisam ser respeitadas no momento da elaboração de um programa de treinamento. A prática errada de exercícios físicos pode ser prejudicial para estes pacientes. Por isso, pesquise bastante antes de contratar um profissional ou uma equipe. Esteja certo de que eles possuem experiência com exercício clínico e que conhecem a fisiopatologia do câncer.

6. Como professora o que de principal sobre saúde física e mental você orienta?
R= O paciente oncológico precisa aprender a dissociar o diagnóstico de câncer daquela velha ideia de sentença de morte. Isso prejudica inclusive o processo da sua recuperação. Sabemos que nossos pensamentos e emoções exercem papel fundamental em nosso organismo. Ter confiança, fé e determinação são essenciais para que o tratamento obtenha sucesso. Além disso, é importante ressaltar que a oncologia avançou muito nas últimas décadas e o prognóstico hoje pode ser muito bom se o câncer for diagnosticado nos estágios iniciais e o tratamento for realizado corretamente. É importante que o paciente siga todas as recomendações dos profissionais da equipe multidisciplinar e busque sempre o equilíbrio emocional para que saia vencedor ao final do tratamento.

7. Você trabalha com humor e, portanto, com o emocional. Como é essa atividade?
R= Trabalhar com oncologia e não se preocupar com o emocional dos pacientes é até desumano. Levar conforto, qualidade de vida, relaxamento e diversão a eles faz parte da nossa rotina de trabalho. O exercício físico por si só já nos ajuda bastante nessa missão. Mas a prescrição dos treinos precisa ser pensada de forma individualizada, personalizada e integrada com o trabalho da equipe multiprofissional para que tenhamos sucesso nos resultados. Não se faz saúde sozinho. Todos os profissionais da equipe são importantes e o segredo é estarmos conectados em prol da melhor conduta para cada paciente. E nada é mais gratificante do que ver o sorriso de satisfação deles e sabermos que somos responsáveis por ajudar nesse processo de retomada.

8. Qual sua expectativa pós pandemia?
R= Estou bastante otimista para os novos ventos que virão. Acredito piamente que sairemos mais fortes de tudo isso, com um outro olhar para tudo que nos cerca, dando mais valor ao que realmente importa e com mais empatia aos problemas do próximo. Acredito que estamos passando por um tempo de mudanças que nos levará a outro patamar no nosso processo evolutivo. E quem insistir em passar por esta pandemia sem buscar esta transformação interior, é porque não entendeu nada.

9. Qual sua mensagem aos leitores?
R= Deixo aqui uma mensagem de alerta aos leitores: prevenção e diagnóstico precoce são coisas diferentes. E ambos são importantíssimos para todos nós! Por isso, faça seus exames periodicamente e busque incluir hábitos saudáveis à sua rotina, como a prática regular de exercícios físicos, uma alimentação balanceada e noites de sono de qualidade, lembrando sempre que qualidade nem sempre significa quantidade. Ah! E busque estar perto de quem você ama para manter o coração aquecido e tornar mais leves os desafios da vida.