Ser Médico: Nós gostamos do que fazemos
Ser médico hoje
Gilmario Ribeiro ( médico )
Hoje, eu li por e-mail uma carta,
Em que um paciente falava, com muita emoção,
Da tristeza que sentia, com razão, em não ter mais, hoje em dia,
Sentado a sua frente, o bom doutor de antigamente.
Queixava-se ele com sabedoria,
De que o médico hoje em dia,
Faz pose tão indiferente, até mesmo parecendo que não queria,
Estar no seu consultório presente.
Este médico então, com ar tão deprimente, e numa relação tão fria,
Aparenta tantas vezes estar mais doente, do que seu paciente.
Foi então, que li emocionado este relato comovente,
Em forma de poesia letrada .
E concordei que em sua queixa, reclamando sua saudade,
Havia sim, uma grande verdade estampada.
Mas toda verdade só existe, quando se conhece também o outro lado.
Vejam que às vezes, é o médico, a peça frágil, deste relacionamento quebrado.
Vindo de um plantão agitado, segue o doutor ao trabalho,
Quase sempre, sem sequer ainda o café ter tomado,
Mas ainda assim o é negado, o direito de se parecer cansado.
E se às vezes se parece doente, pode ser realmente,
Que por acordar várias vezes na madrugada sinta em si o cansaço.
Pois com sua mente ainda agitada e mesmo que sem hora marcada,
Deve entregar ao seu paciente, agora chamado cliente,
Além de um atendimento eficiente, sempre a resposta por ele esperada.
E o paciente? Este então, talvez também tenha mudado.
Com uma carteirinha na mão, boleto de plano pago,
Tenta fazer do bom doutor de antigamente, sem nenhum compromisso
Seu submisso empregado.
Hoje, paciente não sabe o nome do seu médico, nem sequer às vezes,
O remédio que lhe foi passado.
Espera porém um mal resultado, para logo procurar seu melhor doutor,
O doutor advogado.
Para nós médicos, vencer a morte,
Não é mais o grande desafio, do profissional bem preparado.
O difícil; é passar por um plantão sem ser agredido, ofendido ou pior,
Levianamente processado.
Quantas vidas nós já salvamos
Para tão poucos – obrigado!
Se há a cura, é graças a DEUS!
Se há sequelas, o médico é condenado.
Mas, nós médicos gostamos o que fazemos,
Temos na teu alívio o nosso alento.
Sentimos por ti paciente amado
Aquilo que a mãe sente por seu rebento.
Então fique certo caro paciente,
Que teimamos em não chamar de cliente
Que se hoje, o doutor de antigamente,
Já te parece coisa que não se vê,
É que na verdade,
Nesta histórica relação
De confiança e amizade,
Quem muito mudou
Foi VOCÊ!